Protetora dos olhos

A história por trás da Capela de Santa Luzia, em Vitória

A Capela de Santa Luzia é a Igreja mais antiga da cidade de Vitória – construída no século XVI – e se tornou um importante ponto turístico e religioso da capital, sendo frequentemente visitada por fiéis e turistas que desejam conhecer a rica história da cidade. Ela também é considerada a mais antiga construção da capital do Estado. Através dos acervos do Palácio Anchieta e da Galeria Homero Massena é possível acompanhar um pouco da história deste importante monumento capixaba.

Foi construída pelos colonizadores portugueses, em homenagem a Santa Lúcia, padroeira dos cegos, com seu notável estilo barroco, com influências do rococó. Ao longo dos anos, a capela passou por diversas reformas e restaurações, com o objetivo de preservar sua estrutura original. Em 1946, a capela foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), reconhecendo sua importância cultural e histórica para a cidade de Vitória.

Conhecida como “Protetora dos Olhos”, Lucia de Siracusa (Luzia, em italiano) é relembrada com uma dos distintos mártires da Igreja Católica morta no contexto das grandes perseguições aos cristãos pelo Império Romano no século IV. Venerada como santa, Luzia carrega uma forte iconografia ao redor de sua imagem, pois seu nome deriva da palavra luce (luz, em latim).

Suas representações artísticas ao longo da história sempre carregam elementos indissociáveis ao conceito da visão, como é o caso dos olhos. No Arquivo Digital do Palácio Anchieta, a obra do pintor Attilio Colnago (2014) faz uma homenagem à imagem da Santa Luzia ao representá-la em vestes vermelhas e com sua famosa bandeja onde estão dispostos dois olhos abertos.

“Luzia de Siracusa”, Attilio Colnago

Igreja de Santa Luzia”, Homero Massena

O Palácio Anchieta, que possui em seu acervo a pintura em questão,  já foi sede do Colégio de São Tiago e foi inaugurado em 1551. Em 1798, ele é nomeado Palácio do Governo. Esse importante monumento capixaba, cheio de histórias e objetos valiosos para a cultura local, possui em seu repositório da Midiateca Capixaba cerca de 144 itens, entre pinturas, esculturas e mobiliários históricos.

O artista Homero Massena foi um dos responsáveis em eternizar a história da igreja em forma de pintura. Na sua obra “Igreja de Santa Luzia”, disponível no acervo do Palácio Anchieta, é possível identificar a construção em pedra e cal de ostra, com telhado de barro retratada com o estilo impressionista característico do artista em questão.

A construção funcionou como templo religioso até o ano de 1928. Após sua restauração em 1947, se tornou o Museu de Arte Sacra do Espírito Santo. Depois disso, entre 1976 a 1994, o espaço virou a Galeria de Arte e Pesquisa (GAP), da Universidade Federal do Espírito Santo. E agora voltou a funcionar como capela, abrindo as portas para os fiéis apenas em datas comemorativas. Apesar das suas diversas funções, sua arquitetura sofreu poucas alterações ao longo dos anos. 

Sendo antigamente uma capela particular para a família de Duarte Lemos, segundo donatário da Capitania do Espírito Santo, a edificação possui uma construção moderna com apenas três fachadas, tendo uma lateral cega. A fachada principal da capela sempre apresenta uma porta almofadada azulada, com quadro de madeira e verga em um arco abatido. Na pintura de Waleska Fraga Nascimento, localizada no Repositório Digital da Galeria Homero Massena,é possível observar uma retratação mais fiel da construção após as restaurações em 1812.

A representação iconográfica desta construção de enorme valor histórico e cultural do Espírito Santo que marca o início da colonização do Estado, pode ser facilmente encontrada no acervo da Galeria Homero Massena, pintada em mista sobre tela pelo pintor Rômulo Cardoso.

Através da pintura de paisagem, Cardoso consegue retratar as características originais da capela ao mesmo tempo que conceitua a obra ao dar destaque para três garças brancas ao redor da construção. Cercada por um céu azul bastante vivo, a pintura captura também a torre sineira tipo “espadana”, que culmina no lado direito da fachada.

Autores: RIcardo Aiolfi, Robert A. M. Mareto e Taciana B. de O. Pedrosa

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