Curadorias

Homero Massena

Mercado da Vila Rubim

Um dos responsáveis pela formalização do ensino das Artes no Espírito Santo, Homero Massena é um marco na História da Arte capixaba. Mineiro de Barbacena, nascido em 1885, Homero foi o primeiro diretor da Escola de Belas Artes do Espírito Santo, em 1951, lançando as bases do que seria o curso de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo a partir de 1969. As pinturas de Homero Massena apresentam cenas urbanas, marítimas e rurais que em algumas incluem pessoas em atividades cotidianas, como as lavadeiras e o comércio da Vila Rubim. Homero é bastante conhecido por retratar cenas do Convento da Penha e da Prainha, em Vila Velha, local onde morou por muito tempo, hoje sua antiga residência abriga o Museu Homero Massena.

Homero Massena nasceu em Barbacena, Minas Gerais em 1885 e faleceu em 1974 em Vila Velha – ES. Filho do capixaba Alfredo Gabirobertz e da mineira Magabena Massena, viveu em Minas parte da sua infância passando férias escolares no Espírito Santo na casa de familiares. Após a separação dos pais, quando ele tinha aproximadamente 10 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro para concluir seus estudos. 9 Uma parte da adolescência, estudou em um Seminário em São Paulo, onde teve suas primeiras experiências com desenho. Frequentando depois, o atelier de João Batista da Costa. Algum tempo depois, se matriculou no curso de odontologia por pressão de seu pai. Concluindo apenas em 1907 o curso de pintura na antiga Escola Nacional de Belas Artes.

Felizmente em 1912 recebeu uma bolsa de estudos, do Governador de Minas Gerais João Pinheiro, tendo a chance de ir para Paris aprofundar seus estudos sobre pintura. Permaneceu na Europa por cerca de 10 anos, mesmo com o término da bolsa, ficou por lá se dedicando aos cursos de paisagismo e decoração. Em 1920, ao voltar ao Brasil, se estabeleceu em Belo Horizonte, quando por volta da década de 30 elabora projetos na área de “urbanismo e paisagismo”, por encomenda de seu amigo Israel Pinheiro, que na época era o Secretário de Viação de Obras Públicas do Estado de Minas Gerais. Recebeu encomendas de projetos dessa mesma área de outras prefeituras também, como Vila Velha, Vitória e São Paulo. Entre os principais trabalhos desenvolvidos estão: projeto paisagístico para a Cidade Jardim – SP, estância de hidromel de Araxá – MG. Durante a administração de Israel Pinheiro na Secretaria da Agricultura, Indústria, Comércio e Trabalho, do governo de Minas Gerais, Homero realizou a decoração do Pavilhão de Minas Gerais, na Exposição Internacional de Amostras, no Rio de Janeiro, em 1937.

Homero almejava viver fazendo projetos paisagísticos, mas vendo que só recebia encomendas muito esporadicamente, teve que se dedicar a outras profissões, se tornando professor e jornalista. Como jornalista trabalhou em Minas Gerais como redator político em alguns jornais, como “A Tarde”, e então no início da década de 30, mudou para São Paulo, onde atuou em vários órgãos da imprensa, “O Estado de São Paulo”, “Combate”, “O País”, “A Batalha”, “O Jornal do Comércio”. Por trabalhar na imprensa, Homero fez vários contatos na política, chegando a se aliar como oficial de ligação, junto com Euclides Figueiredo, pai do ex-presidente João Figueiredo, na revolução de 1932. Com a derrota dos constitucionalistas Massena foi preso e ameaçado de ser exilado, mas como mantinha bom relacionamento com o alto escalão governamental, conseguiu a liberdade. Então em 1935, decidiu voltar a Minas, atuando na política por alguns anos, sendo inclusive prefeito de Bonfim em 1947. Paralelamente às suas funções políticas, Massena mantinha contatos no ramo artístico no Rio de Janeiro, na Casa Cavalier, e enviava trabalhos de pinturas para mostras de salões. Fazia também, exposições individuais de suas obras em diferentes estados da federação.

Em 1951 recebeu medalha de ouro na II Exposição Nacional, organizada pela Sociedade Brasileira de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano, Homero Massena muda-se para o Espírito Santo, ao ser convidado pelo Governador do Estado Jones dos Santos Neves, para organizar a Escola de Belas Artes Capixaba, onde iria dirigir e ministrar aulas de desenho e pintura.

Morou em uma casa/ateliêr na Prainha em Vila Velha-ES, hoje transformada em Museu Homero Massena em sua memória.

Dos artistas que compõem o acervo de pinturas do Palácio, Massena e Levino, foram os únicos que tiveram a oportunidade de estudar fora do país, sendo mitificados pela imprensa capixaba e pelos conterrâneos daqui por esse diferencial.

O Palácio Anchieta possui em seu acervo 19 obras do artista Homero Massena onde estão reproduzidas as paisagens e o cotidiano da cidade de Vila Velha-ES no século XX.

Obras de Homero Massena:

Levino Fanzeres

As flores enfeitam agora a tristeza do abandono (Iguassú Velho)

Nascido na cidade de Cachoeiro de Itapemirim em 1884, Levino Fanzeres foi um artista capixaba responsável por grande parte do acervo de pinturas do Espírito Santo, com mais de 20 pinturas somente no Palácio Anchieta. Levino foi um grande paisagista e em suas obras é possível enxergar várias cenas espírito-santenses, como o Rio Itapemirim no Sul do estado e o crepúsculo capixaba, bem característico.

Com passagens pela Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro e por Paris, Levino ganhou prestígio, sendo reconhecido pelo academicismo presente em suas obras, o que lhe rendeu vários prêmios, como o prêmio de Viagem ao Estrangeiro, concedido pelo Salão Nacional em 1912. Ao final de sua carreira, Levino recebe críticas à sua obra por não acompanhar as tendências estéticas e temáticas do modernismo brasileiro, impulsionadas pela Semana de Arte Moderna de 1922.

Obras de Levino Fanzeres