Galeria Homero Massena: agenda aberta para visitação de escolas na exposição Fratura

FRATURA (2023). A mostra fica em cartaz até 18 de novembro, com depoimentos de mulheres colhidos pela artista Geisa da Silva.

Está aberta a agenda para visitas de escolas da exposição “Fratura”, de Geisa da Silva. A mostra foi aberta nesta terça (12) e fica em cartaz na Galeria Homero Massena, no Centro de Vitória, até 18 de novembro, de segunda a sexta, de 9h às 18h, quartas feiras de 10h às 20h, sábados e feriados de 10h às 16h. Escolas podem agendar visitas de até 40 alunos por turno, pelo link https://calendar.app.google/7d7hHTHZsfgAdtUk8.

 “Fratura” usa um jogo de luz e sombra para trazer à tona o silenciamento de mulheres. A cartografia é utilizada, bem como palavras que se repetem e se cruzam, mas nem sempre são vistas a olho nu.  Depoimentos colhidos pela artista ao longo de três anos estão escritos com tinta invisível na parede da galeria. Cabe ao ocupante do espaço – como uma testemunha (da exposição e dos relatos) – escolher o que fica à mostra ou escondido, à medida que posiciona sua sombra contra a luz branca, fazendo aparecer a tinta (ativada com luz negra).

No teto da galeria, uma sequência de cadernos em branco representa o que ainda está por dizer, e a proposta educativa convoca a produção de narrativas e sentidos presentes (ou não) na galeria. 

“O silenciamento é algo que toda mulher vive, então eu necessito de falar desse silenciamento. Quem silencia as mulheres e quanto a gente contribui para silenciar mulheres? Há um silenciamento das atitudes, um silenciamento do riso, em relação ao que a mulher sente também. As mulheres convivem com o silenciamento diário em nossa sociedade”, afirma a artista.

A montagem da exposição, em si, já anunciou que a galeria será espaço de acolhimento e de fraturas. Durante o processo, nove mulheres, incluindo a artista e as arte-educadoras Adriana Magro e Jordana Rosa, escreveram nas paredes da galeria os depoimentos que Geisa colheu desde seu projeto Mapa da Violência Contra a Mulher, realizado em 2019.

“As pessoas estavam escrevendo relatos na parede da galeria, relatos de assédios. Nove mulheres estavam ali escrevendo e montando uma exposição com esses relatos. Elas estavam se acolhendo, era um momento muito bonito e emocionante. Todas as mulheres ali, em alguma medida, já tinham sofrido assédio, e elas estavam se fortalecendo juntas. Foi incrível ver essa energia de acolhimento e formar uma rede de apoio caso alguém precise”, diz uma das participantes, que prefere não se identificar.

Para a coordenadora da Galeria Homero Massena, Ivone Carvalho, é uma alegria receber a exposição, contemplada pelo edital de Artes Visuais da Secretaria da Cultura (Secult) e realizada com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura). “Uma exposição com mulheres tão potentes fortalece o espaço da galeria como de acolhimento para elas. Vamos receber com carinho quem vier, estamos muito empolgadas com essa sequência de exposições empoderadoras, emocionantes e belas”, ressalta.

A curadoria da exposição ficou por conta da professora universitária e artista Adriana Magro, que buscou um caminho poético para a consolidação da proposta. Ela trabalhou, também, a proposta educativa para receber os estudantes. São estratégias de mediação que buscam inserir o espectador na exposição, produzindo as próprias narrativas, com apoio inclusive de um material educativo interativo que cada um pode montar. “Trabalhamos com processos de significação. Então deixamos o espectador e a espectadora sentirem o que a exposição traz para que possa elaborar seus próprios sentidos”, observa.

Texto por: Aline Dias.

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