Porcelanas raras são uma oportunidade para conhecer a história
A porcelana era um material bastante valorizado na época do Brasil colônia devido à sua resistência e ao fato de que era produzida apenas na China, Japão e alguns países europeus. Durante esse período, porcelanas e conjuntos de chá importados eram considerados bens de luxo e ostentação, encontrados, em sua maioria, apenas na casa de indivíduos pertencentes à elite e à política brasileira da época. Nesse contexto, o Museu do Colono e o Palácio Anchieta se tornam instituições importantes para a preservação dessas peças e de sua história.
A maioria das peças mantidas pelos acervos do Museu do Colono e do Palácio Anchieta são de autoria desconhecida por se tratarem de objetos importados em uma época com pouco controle aduaneiro e a grande dificuldade de comunicação e registros entre continentes.
Dentre os exemplares, é possível identificar conjuntos de chá, pratos, bules, leiteiras, jarros e bandejas, cada um com características próprias que marcam sua identidade, principalmente de acordo com sua origem. As porcelanas eram frequentemente decoradas com padrões intrincados e imagens coloridas, como flores, animais e paisagens, e muitas vezes eram pintados à mão.
As porcelanas chinesas eram altamente valorizadas por sua qualidade e sofisticação. Eram geralmente produzidas com uma argila branca conhecida como caulim e cozidas a altas temperaturas, resultando em um material duro e resistente. A decoração das porcelanas chinesas era frequentemente composta por padrões intrincados, figuras mitológicas, animais e cenas da vida cotidiana. As cores eram geralmente vibrantes e ricas, como o azul cobalto, o amarelo e o verde. As porcelanas chinesas também eram frequentemente adornadas com detalhes em ouro.
Já as porcelanas japonesas eram menos conhecidas no Brasil colonial, mas também eram altamente valorizadas por sua qualidade. As porcelanas japonesas geralmente apresentavam uma decoração mais sutil e delicada, com padrões em aquarela, figuras humanas e elementos da natureza, como flores e pássaros, e suas cores e estilo eram mais refinados.
As porcelanas portuguesas, por sua vez, eram frequentemente produzidas com uma argila mais escura e tinham uma aparência mais rústica. Elas eram geralmente decoradas com imagens religiosas, brasões de família e cenas da vida portuguesa. As porcelanas portuguesas também eram frequentemente adornadas com bordas em relevo e detalhes em ouro.
Outras porcelanas europeias, como as inglesas, francesas e holandesas, eram geralmente mais delicadas do que as porcelanas portuguesas e apresentavam uma decoração mais refinada. Elas eram frequentemente decoradas com flores, folhagens, paisagens e cenas da vida cotidiana, com um estilo mais elegante e requintado.
Em geral, a importação de porcelanas contribuiu para a difusão de influências culturais estrangeiras no Brasil. Mas, apesar de terem sido objetos de desejo e admiração durante a colonização, as porcelanas importadas também são testemunhos das desigualdades sociais e econômicas da época, uma vez que poucas pessoas tinham acesso a esses produtos caros e exóticos.
Essas porcelanas são uma importante fonte de conhecimento sobre o passado. Graças ao trabalho de instituições de memória, como o Palácio Anchieta e o Museu do Colono, podemos apreciar e estudar as peças de louça que foram usadas pelos colonizadores e pelos imigrantes que vieram para o Brasil. Essas peças são importantes testemunhos históricos e culturais, que nos permitem compreender melhor a dinâmica da sociedade colonial brasileira, seus costumes, suas influências e suas transformações. E você, tem alguma louça decorativa na sua família que guarda alguma história? Conte para nós nos comentários!
Autores: Robert A. M. Mareto e Taciana B. de O. Pedrosa.