Ícones em metal e lã: esculturas remontam o passado

Obras revelam cultura do Espírito Santo

Você sabia que as esculturas são uma forma de conhecer a cultura e a história do Espírito Santo? Elas mostram a diversidade e a riqueza da arte capixaba, que reflete a influência de diferentes povos e tradições. Neste artigo, vamos mostrar como as esculturas capixabas expressam os valores, as crenças e as preocupações da sociedade local em cada período histórico. Você vai ver alguns exemplos de esculturas que marcaram a história da arte do nosso estado e entender como elas se conectam com o contexto em que foram criadas. Venha conosco nesta viagem pela cultura capixaba através das esculturas e aprenda mais sobre a arte e a história do nosso estado.

O busto de Domingos Martins – em exposição no Palácio Anchieta – é uma das obras que compõem o acervo da Midiateca, retratando o capixaba que teve importante participação na Revolução Pernambucana, movimento republicano do início do século XVII. 

Hoje, Domingos Martins dá nome ao município das montanhas capixabas, ao Palácio onde se localiza a Assembleia Legislativa. Foi ainda homenageado pela Polícia Civil do Estado do Espírito Santo que o escolheu como patrono, assim como também é patrono do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES) em Vitória, cuja data de fundação em 12 de junho de 1916 se deu 99 anos após sua morte.  

O busto de Domingos Martins é uma obra do italiano Carlo Crepaz – que se mudou para Vitória em 1951. O artista foi professor no Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e suas esculturas retratam, sobretudo, a figura humana, especialmente bustos de cidadãos ilustres e personagens históricos.

Andando pela cidade de Vitória, esbarramos em outras esculturas do artista que marcam a paisagem da cidade, retratando personagens marcantes da história e cultura do Espírito Santo, como o Índio Araribóia e Dona Domingas – ambas atualmente instaladas no entorno do Forte São João.

Ainda no acervo do Palácio Anchieta, a escultura de Amilcar de Castro explora a folha de metal como matéria-prima, porém rompendo o aspecto bidimensional a partir de dobras que transformam a obra numa escultura tridimensional.

A peça terá um novo destino, pois será utilizada no projeto de revitalização cultural do Cais das Artes, localizado na Enseada do Suá, em Vitória. Com obras paradas desde 2015, o plano de dar uma nova cara ao espaço será feito por iniciativa privada e dará aspectos artísticos, culturais e tecnológicos ao ambiente. 

“A memória dos que tombaram para que a pátria permaneça livre e eterna. O povo e o governo do Espírito santo”. Esses dizeres compõem a base da escultura “O Expedicionário”, de Leonardo Lima. A imagem apresenta a reprodução em miniatura de um Pracinha Capixaba – um soldado em pé sobre um pedestal.

Sem data de criação, a peça foi feita por Lima totalmente em bronze, com quase 15 centímetros de altura. A personagem que aparece na escultura traz consigo um semblante atormentado e sua postura corporal remete a um momento de oração ou clamor. A pequena estatueta faz parte do acervo do Palácio Anchieta, disponível na Midiateca Capixaba.

Do mesmo acervo e do mesmo artista, Genos apresenta a imagem de um homem ajoelhado, feita no ano de 1940. Também feita com técnicas de modelagem em bronze, a peça mostra o personagem também em um momento de reflexão. Com a cabeça virada para a esquerda e segurando um dos braços, a representação do homem nos traz a sensação de angústia.

Uma das esculturas capixabas que se destaca pela sua originalidade e simbolismo é a Roda, de Hilal Sami Hilal. Doada pelo artista, a Roda fez parte da série Deslocamento na exposição Constelações, realizada nos anos de 2016 e 2017. Feita em compensado naval e ferro, a peça encontra-se no acervo do Palácio Anchieta.

Assim como as outras obras da coleção, a “Roda” define sua imagem por toques de leveza em relação ao material. Em espiral, o conjunto dos planos constrói uma encadernação particular. Assim como, o leve efeito cinético provoca  um desejo de deslocamento, criando uma brincadeira para o olhar.

E não acabou por aí! Com uma grande quantidade de estatuetas e esculturas, o Palácio Anchieta não é o único acervo cultural do estado que guarda esses fragmentos da nossa história.

No Museu do Colono, em Santa Leopoldina, a imagem de Nossa Senhora da Conceição revela a tradição cristão do município (e do Espírito Santo). Esculpida em madeira, a estátua de pele branca, cabelo castanho longo, vestido e véu brancos com um manto azul claro, a estátua não possui autor conhecido, nem data exata de confecção.

Em sinal de oração, a personagem da escultura aparece com as mãos sobre o peito e o rosto inclinado para a direita. Nossa Senhora de Conceição aparece em cima de um globo azul claro, no qual estão modelados uma cabeça de anjo, uma lua crescente e dois círculos rosa em espiral. A escultura está toda sobre uma base dourada escura e remete a religiosidade da época.

Neste mesmo acervo, a escultura “Caçador”, feita em madeira e lã, chama a atenção pelo uso diferenciado do material que compõe as roupas da personagem. Com seus 21 centímetros de altura, a escultura mostra o indivíduo com uma mochila nas costas e a representação de uma arma de fogo em suas mãos.

Mesmo com procedência suíça, a peça remete a cidade de Santa Leopoldina ao retratar uma figura do imaginário popular da época: o caçador. Com um longo cachimbo preso à boca, a personagem da escultura relembra trejeitos, expressões e costumes de um povo num determinado tempo.

Dessa forma, podemos perceber como as esculturas capixabas são uma fonte importante para conhecer a história e a cultura do Espírito Santo, além de demonstrarem a diversidade de materiais e estilos artísticos presentes nas obras. Elas também servem como uma forma de preservação da memória e da identidade cultural de uma região, destacando a importância de valorizar e incentivar a produção artística local. Em sua cidade existe alguma escultura que conte parte da história da sua região? Conta aqui embaixo pra gente!

Autores: Allan Cancian, Elvys Chaves, Newton Assis e Ricardo Aiolfi

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