Moqueca e torta na panela de barro: tradições do Espírito Santo

Marcadas no imaginário como símbolos da culinária do Espírito Santo, a Moqueca e a Torta Capixaba viraram atrativos turísticos e reúnem uma série de tradições que valem a pena conhecer

Falou de moqueca, já vem logo na cabeça “moqueca é capixaba. O resto é peixada”. A frase – que ficou famosa no início dos anos de 1970 – foi dita pelo jornalista e escritor Cacau Monjardim após uma viagem pela Bahia e, até hoje, alimenta uma rivalidade (do bem) entre as duas moquecas. Independente de qual é a verdadeira moqueca, o fato é que o Espírito Santo é conhecido pela receita fruto da miscigenação cultural dos povos que formaram a atual configuração do Estado: indígena, europeia e africana. Os estudos mostram que a técnica de cozimento “moquém” – origem do nome – já era praticada pelos indígenas antes mesmo da chegada dos portugueses.

A iguaria é feita com peixe e/ou mariscos, reúne temperos variados como cebola branca, coentro, cebolinha, alho, azeite, urucum, limão e sal – que são cozidos no próprio caldo num processo propiciado a partir das tradicionais panelas de barro. Isto é, ao contrário da moqueca baiana, o prato no Espírito Santo não leva água no cozimento, nem os ingredientes azeite de dendê, pimentão nem leite de coco.

Também bastante comum no Estado, a Torta Capixaba é uma tradição, em especial na Semana Santa. O prato já coleciona mais de 400 anos de história. Conta-se que os portugueses quando chegaram aqui observaram que os indígenas da região consumiam mariscos com palmito. A torta capixaba, tal como a conhecemos hoje, teve sua origem consolidada aproximadamente no século XIX. Nessa época, os portugueses, habituados a apreciar frutos do mar e a evitar o consumo de carne durante a Semana Santa devido à influência católica predominante, conceberam a ideia de combinar mariscos e bacalhau, dando origem à emblemática torta capixaba.

Esses pratos típicos são feitos em outra tradição capixaba: a panela de barro. Feitas artesanalmente, a técnica é de origem indígena, desenvolvida há séculos no bairro de Goiabeiras, na capital, onde, atualmente, há um galpão que mostra o trabalho das paneleiras e constitui um importante ponto turístico.

Qual é a sua tradição culinária favorita do Espírito Santo? Conta pra gente.

BNCC:
Falar sobre culinária e tradição em sala de aula pode ser uma atividade muito interessante e envolvente para quem faz parte do contexto escolar. É possível explorar, além dos aspectos gastronômicos, os aspectos culturais, históricos e sociais.

E como alinhar esses assuntos ao currículo? Quanto à culinária, a BNCC cita a escuta, a produção e a reprodução de receitas como habilidade voltada ao público do Ensino Fundamental nos componentes curriculares de Língua Portuguesa e Educação Física (EI01EF08, EF01LP17, EF12LP06). No componente curricular Geografia (EF04GE01) é possível observar que quando falamos da Moqueca e da Torta Capixaba é possível pensar que ao abordar esses dois típicos pratos podemos falar de tradição em sala de aula, promovendo uma atmosfera de respeito pela diversidade cultural e até mesmo alimentar, incentivando os alunos a explorar e valorizar diferentes perspectivas e experiências. Na reprodução ou na leitura de uma receita da Moqueca ou da Torta Capixaba, por exemplo, os professores dos componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática podem elaborar atividades que dialoguem: enquanto a Língua Portuguesa (EF12LP06) planeja e produz a receita, a Matemática fica responsável pela partilha dos ingredientes necessários para a execução da receita (EF05MA12).

Já em relação aos outros aspectos abordados na BNCC, ao destacar o que é próprio em cada tradição culinária e sua contribuição para a formação da cultura local, regional e brasileira, o ambiente da sala de aula pode propiciar o desenvolvimento de uma apreciação mais profunda pela diversidade cultural e entender como a comida é mais do que apenas uma necessidade física, mas também uma expressão importante da identidade cultural e social, como é proposto no componente curricular da Geografia (EF02GE02).
Viu como o processo de ensino e aprendizagem pode ser divertido e como a midiateca pode contribuir? Aproveite para explorar nosso acervo para identificar os itens que podem agregar nesse processo. A gente pode começar dando uma dica: que tal pesquisar no nosso acervo e elaborar um gráfico indicando quantos itens abordam a temática ‘tradições capixabas’?

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